quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

A Rainha Adúltera

Não gosto de deixar livros a meio, creio que isso só me aconteceu uma vez. Mas, confesso que esta minha teimosia me tem trazido leituras muito chatas, penosas até. O primeiro livro que li neste ano de 2013 inclui-se nessa categoria e tenho para mim que, se não fossem as viagens de comboio, era menina para ter desistido p'raí no primeiro capítulo! A história que narra Marsilio Cassotti tinha tudo para ser interessante no caso de ser um romance, que, efectivamente, não é. Trata-se antes de um discurso historiográfico, com direito a muitas notas de rodapé, sobre a vida de D. Joana, infanta de Portugal e rainha consorte de Castela. Esta filha póstuma de D. Duarte casou com Henrique IV de Castela e não teve uma vida muito fácil por aquelas bandas. Devido à impotência do marido, suspeita-se que terá gerado a filha, também ela Juana, graças a uma técnica de inseminação com recurso a uma cana de ouro. Este facto é de tal forma invulgar para o século XV, que levou o próprio Papa a escrever algures que a Rainha engravidara sem, no entanto, perder a virgindade. Uma vez que a incapacidade do Rei era sobejamente conhecida, a legitimidade da Princesa Juana foi posta em causa. A Rainha D. Joana, por seu lado, defendeu com unhas e dentes o trono da filha, mas terá acabado por ceder a uma paixão, chegando mesmo a viver maritalmente com um homem do qual teve dois filhos, daí o adjectivo adúltera. De modo que foi mais ou menos isto que li em quatrocentas e tantas páginas. Agora é esperar que o próximo seja melhor.


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